30/05/2009



As vezes, sinto falta
Das tuas palavras
De ouvir o som da tua voz
Tenho momentos
Em que o teu olhar não chega
E o que as tuas mãos me exprimem
Não é o suficiente
Conheço o teu Amor
Reconheço o teu desejo
Sei as tuas vontades
Porque te conheço
Mas sinto falta das tuas palavras
De ouvir o som da tua voz
Abraças-me com o teu Amor
Incendeias-me com o teu desejo
Inebrias-me com o teu cheiro
Dominas-me com a tua Paixão
Mas sinto falta das tuas palavras
De ouvir o som da tua voz...
Da tua voz...


(Desconheço a autoria)

"O meu mundo não é como o dos outros,
quero demais, exijo demais,
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante
que nem eu mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessoa;
sou antes uma exaltada, com uma alma intensa,
uma alma que ___________________,
que tem saudade,
sei lá de quê!"

(By Florbela Espanca)

28/05/2009


"Sou uma filha da natureza:
quero pegar, sentir, tocar, ser.
E tudo isso já faz parte de um todo,
de um mistério.
Sou uma só... Sou um ser.
E deixo que você seja. Isso lhe assusta?
Creio que sim. Mas vale a pena.
Mesmo que doa. Dói só no começo."

(By Clarice Lispector)


"Escolho os meus amigos não pela pele ou por outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero o meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho os meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também a sua maior alegria. Amigo que não ri conosco não sabe sofrer conosco. Os meus amigos são todos assim: metade disparate, metade seriedade"....( Oscar Wilde ).

27/05/2009


Quando eu não mais existir

Joguem minhas cinzas na praia,
Em uma noite de lua cheia...
Usem as palavras trêmulas de saudades...
Quando meus anjos me levarem ,
Preciso que cantem o hino de meus olhos,
e na lembrança de cada um,
Que fique a minha poesia escrita,
no humor do dia e na calada de cada noite morta...

(by Nancy Moisés)


Ausencia


Se va de ti mi cuerpo gota a gota.
Se va mi cara en un óleo sordo;
se van mis manos en azogue suelto;
se van mis pies en dos tiempos de polvo.

¡Se te va todo, se nos va todo!

Se va mi voz, que te hacía campana
cerrada a cuanto no somos nosotros.
Se van mis gestos que se devanaban,
en lanzaderas, debajo tus ojos.
Y se te va la mirada que entrega,
cuando te mira, el enebro y el olmo.

Me voy de ti con tus mismos alientos:
como humedad de tu cuerpo evaporo.
Me voy de ti con vigilia y con sueño,
y en tu recuerdo más fiel ya me borro.
Y en tu memoria me vuelvo como esos
que no nacieron ni en llanos ni en sotos.

Sangre sería y me fuese en las palmas
de tu labor, y en tu boca de mosto.
Tu entraña fuese, y sería quemada
en marchas tuyas que nunca más oigo,
¡y en tu pasión que retumba en la noche
como demencia de mares solos!

¡Se nos va todo, se nos va todo!

(by Gabriela Mistral)

25/05/2009


Dark Kingdom: The Dragon King

24/05/2009


Inconfesso Desejo

Queria ter coragem
Para falar deste segredo
Queria poder declarar ao mundo
Este amor
Não me falta vontade
Não me falta desejo
Você é minha vontade
Meu maior desejo
Queria poder gritar
Esta loucura saudável
Que é estar em teus braços
Perdido pelos teus beijos
Sentindo-me louco de desejo
Queria recitar versos
Cantar aos quatros ventos
As palavras que brotam
Você é a inspiração
Minha motivação
Queria falar dos sonhos
Dizer os meus secretos desejos
Que é largar tudo
Para viver com você
Este inconfesso desejo

(Carlos Drummond de Andrade)


Anjo Torto

Ao longo do tempo
Tenho descoberto em você
A vontade de viver.
Soprando aos seus ouvidos
Todas as minhas vontades.
Devorando cada momento
Com fome de liberdade.
Troquei minhas raízes
Por duas asas invisíveis.
Tenho voado ao seu redor
Como um anjo irresponsável,
Não para velar o seu sono,
Mas para assistir ao seu despertar.

(Sérgio Vaz)

22/05/2009



Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre...

(Desconheço a autoria deste texto)

20/05/2009


A gentileza é a essência do ser humano. Quem não é suficientemente gentil não é suficientemente humano.

[Joseph Joubert]

Igual-desigual

Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais.
Todos os campeonatos nacionais

e internacionais de futebol são iguais.
Todos os partidos políticos são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda
são iguais.
Todas as experiências de sexo são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais,
sextinas e rondós são iguais

e todos, todos
os poemas em versos livres são enfadonhamente iguais.
Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem,

bicho ou coisa.
Não é igual a nada.
Todo ser humano é um estranho
ímpar.

(Carlos Drummond de Andrade)

19/05/2009




VENTO

assim me chama o vento
me despenteia os cabelos
nas teias do precipício
a vida começa hoje
começa sempre
desde o nada até a medula
todos os dias
colar os ossos
e ouvir o ruído
subterrâneo de um rio
a vida começa hoje
sempre por um fio
a alma é um pêndulo
leva as horas
de encontro
às pedras.

(Roseana Murray in Poesia Essencial)

17/05/2009



As sem Razões do Amor

As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

(Carlos Drummond de Andrade)

16/05/2009


Agora eu já sei


Duvidava não entendia
Quando alguém me falou
Suspirava, que agonia
Pra sentir esse amor

Tempo, mestre de todas horas e dias, passou sem ver
Te amar de verdade, sentir saudade
Mas só de você, só de você

Agora eu já sei
Quando falta a respiração
É a prova que um coração
Já não sabe mais
Viver sem você

Agora eu já sei
Que me falta sempre a razão
Traduzir melhor na emoção
Do que trago aqui, bem dentro de mim
Dentro de mim...

Duvidava, não entendia
Quando alguém me falou
Suspirava de agonia
Pra sentir esse amor

Tempo, mestre de todas horas e dias, passou sem ver
Te amar de verdade, sentir saudade
Mas só de você, só de você

E eu que duvidava e não sabia
Que esse verdadeiro amor chegou
Verdadeiro amor chegou...
Verdadeiro amor!

[Ivete Sangalo]

A amorosa


Ela está de pé sobre as minhas pálpebras
e os seus cabelos se entrelaçam nos meus
Ela tem a forma das minhas mãos
e a cor dos meus olhos
Ela desaparece na minha sombra

Ela tem sempre os olhos abertos
e não me deixa dormir
Seus sonhos plenos de luz
fazem evaporar os sóis
Que me fazem rir, chorar e rir
Falar sem nada ter para dizer

[Paul Eluard]

15/05/2009



Dever de Sonhar

Eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar,

de sonhar sempre,
pois sendo mais do que um espetáculo de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas
supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis.

(Fernando Pessoa)

O silêncio salta
faz piruetas e dança, invisível
pelo espaço intransponível
que separa eu de mim.

Não ouço meus passos
mas não importa
pois nem eu nem cada porta
por que passo
compreende esse trajeto.

Seguro
com as estrelas
o peso dos véus,
do escuro
e da ausência
inadmissível
intocável
intransponível
inassimilável.

(Fábio Rocha - www.fabiorocha.com.br)

14/05/2009


Desmantelo Azul

Então pintei de azul os meus sapatos
Por não poder de azul pintar as ruas
Depois vesti meus gestos insensatos
E colori as minhas mãos e as tuas

Para extinguir de nós o azul ausente
E aprisionar o azul nas coisas gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
Azul sobre os vestidos e as gravatas

E afogados em nós nem nos lembramos
Que no excesso que havia em nosso espaço
Pudesse haver de azul também cansaço

E perdidos no azul nos contemplamos
E vimos que entre nascia um sul
Vertiginosamente azul: azul.


(Carlos Pena Filho)

13/05/2009


"então a criança correu para meus braços... gritando - "não deixes o dragão me seduzir"


(...) - que posso fazer criança que não sou
poderei salvar por acaso o eterno jogo
se habitas a praia sem dimensões
sem sol e sem luar?
por que me buscas se possues a espada
e mãos de sonho e olhos de rubi?
sou apenas sopro vento vaidade nada
pó perfume cor sonoridade luz.
que mistério é este que sugeres
tentando penetrar nestas entranhas
fecundadas pelo canto do pássaro ferido?
então o mar partiu-se lado a lado
como um véu por invisíveis mãos rasgado
e engoliu o dragão...

(L. RUAS)

12/05/2009

As Brumas de Avalon


10/05/2009


As Brumas de Avalon
"A magia é um caminho desconhecido, assim como a escuridão da noite. E ao mesmo tempo assustadora, tornando-se um desafio para renunciarmos aos nossos medos e mergulharmos neste mundo secreto, que quanto mais se caminha, mais se descobre o que há por trás da penumbra. A bruxaria é um mundo oculto pelas sombras da noite, em que só a bruxa, por si própria, poderá descobrir o caminho certo, confiando na sua eterna aliada, a lua, que é a luz da Deusa. Uma bruxa acomodada jamais será sabia, porque o conhecimento oculto não é recebido e sim procurado. O segredo é confiarmos na luz interior que nos guiará adiante no caminho da procura, que começará neste momento, nesta noite de iniciação. A hora é agora que o ritual se inicie."

Morgana - As Brumas de Avalon


DO CRIAR CAMINHOS AO CAMINHAR

Atrás
das grades
da rotina
deixei a sombra
de um sonho
que não era meu...

Hoje, a vida plena
sorri em cada canto
de cada cômodo cômodo
que por mais que seja cômodo inclusive
deixo
quando dá na telha.

Criar
e curtir criadores...

Amar
sem contar
nem conter
amores:
movimentos de mãos
e de terra
e de tudo
maravilhosamente
i n c o n t r o l á v e i s.

[Fabio Rocha - www.fabiorocha.com.br - do livro NO FIM, COMEÇO)

09/05/2009


FAZ DE CONTA

Faz de conta que ela era uma princesa azul pelo crepúsculo que viria, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que sangue escarlate não estava em silêncio branco escorrendo e que ela não estivesse pálida de morte, estava pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz-de-conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz-de-conta verde cintilante de olhos que vêem, faz de conta que ela amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus, faz de conta que vivia e que não estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que era sábia bastante para desfazer os nós de marinheiros que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua, faz de conta que ela fechasse os olhos e os seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos da gratidão mais límpida, faz de conta que tudo o que tinha não era de faz-de-conta, faz de conta que se descontraíra o peito e a luz dourada a guiava pela floresta de açudes e tranqüilidade, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando.

#Clarice Lispector in "A Descoberta do Mundo"#